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Texto Teatral - EU USO MATEMÁTICA?
De Emílio Carlos
(entram Tina e Bete)
TINA – Ai, que chato, viu? Como é chato!
BETE – Ah, Tina: não é bem assim.
TINA – É bem assim sim: chato!
BETE – Ah, eu gosto.
TINA – Claro, né Bete? Você é a crânio aqui.
BETE – Como assim “crânio”?
TINA – A inteligente, a descolada, a que manja.
BETE – Mas é fácil, Tina.
TINA – Bete: acredite – não é fácil. É impossível!
BETE – Ai que exagero, Tina.
TINA – A coisa toda é má, entende? Muito má. Ó: é má-temática. Ela é má...
BETE – Até parece, viu Tina.
TINA – Sinceramente: pra que aprender matemática? Eu nunca vou usar...
BETE – Tina: você usa matemática.
TINA – (ri) Até parece...
BETE – Usa sim.
TINA – Bete: de tanto fazer contas seus miolos derreteram. (ri) Eu não uso coisas más...
BETE – Ah, não usa?
TINA – Claro que não! Deus me livre.
BETE – Pois eu vou mostrar que você usa.
TINA – O que? Eu uso matemática?
BETE – Usa. Quer ver?
TINA – (ao público) Dá até medo de dizer que “sim”.
BETE – Por exemplo: pesos e medidas.
TINA – Opa: chegou aqui! Olha o peso da garota. E olha.. as medidas. Tudo “em riba”.
BETE – Então você está com o peso e as medidas em cima?
TINA – Menina: olha pra mim!
BETE – Pois é: pesos e medidas são parte da matemática.
TINA – Não acredito!
BETE – É: seu peso é medido em quilogramas. Suas medidas usam o metro e os centímetros.
TINA – Tudo coisa de matemática.
BETE – Pois é.
TINA – Sabe: eu não acredito.
BETE – Mas é, Tina.
TINA – (ao público) Gente: eu fiquei bestificada agora.
BETE – E vai ficar mais besta ainda.
TINA – Olha como fala, mulher.
BETE – Você quer tomar um refrigerante, certo?
TINA – Olha... até que é uma boa idéia...
BETE – Aí você vai ao supermercado. Qual você vai escolher? A latinha de 300 ml, a garrafinha de 600 ml ou pega logo uma pet com dois litros?
TINA – Ah, meu bem: eu prefiro a latinha. Eu tenho que manter esse corpinho, NE? 300 ml já ta bom.
BETE – Aí: de novo.
TINA – De novo o que?
BETE – Ml – que por sinal é mililitros – também é uma medida.
TINA – Parente do litro?
BETE – Mais ou menos isso.
TINA – Matemática de novo?
BETE – Sim.
TINA – Diz que não.
BETE – Sim.
TINA – (comicamente) Diz que não.
BETE – Sim.
TINA – (dramática) Eu Pedi pra você dizer não...
BETE – Como é sua casa?
TINA – Bem... (se recompõe) é média.
BETE – Seu quarto é grande?
TINA – Não... Uns 3 por 2... 6 metros quadrados.
BETE – Aí: você fez de novo.
TINA – O que? O que é que eu fiz?
BETE – Usou matemática. Acabou de fazer o cálculo da área do seu quarto.
TINA – (ao público) Aí: ela me pegou de novo...
BETE – Agora pense comigo: este perfume aqui custa 20 reais (mostra o perfume). E este outro aqui custa 35 reais (mostra o outro perfume, idêntico ao primeiro). Qual você compraria?
TINA – Ô inteligência: os dois perfumes são iguais. Só muda o preço. É claro que eu vou comprar o mais barato. São 15 reais de diferença, NE?
BETE – Puxa, você é boa em matemática, hein? Dinheiro, comparação de preços, cálculo de diferença...
TINA – Ah, mas isso é coisa que eu uso todo dia...
BETE – Pois é Tina: matemática você usa todo dia, no seu dia-a-dia...
TINA – Ó: você não me convenceu, viu?
BETE – Tá certo... Olha: vamos fazer um bolo?
TINA – Um bolinho até que caía bem.
BETE – Vamos fazer um bolo diferente: 250 gramas de trigo, 8 ovos, 250 gramas de açúcar, 250 gramas de manteiga...
TINA – Pára, pára, pára: eu já sei onde você quer chegar.
BETE – Até na cozinha tem matemática.
TINA – (faz drama) Essa conversa me deu nos nervos, viu? Acho que a minha pressão subiu, viu?
BETE – A pressão arterial também é medida – e medida é o que?
TINA – Matemática. (ao público) Melhor eu não passar mal.
BETE – Quer um copo de água?
TINA – Olha, o que eu quero mesmo é um banho quente e bem demorado.
BETE – Vai gastar água e luz.
TINA – E daí?
BETE – Daí o relógio da água e o da luz vão medir tudo – e o seu pai vai ter que pagar.
TINA – Gente: assim não dá! Sai para lá, matemática.
BETE – O mundo é matemático. Tudo é matemática, mesmo na natureza.
TINA – Então... é assim que é!?
BETE – É.
TINA – E... parece que não tem outro jeito, né?
BETE – Não.
TINA – Então eu vou fazer o que eu tenho que fazer.
BETE – E o que é?
TINA – Raciocine comigo: se a matemática governa o mundo... quem souber matemática está por cima.
BETE – E o que você vai fazer?
TINA – A única coisa que sobrou pra fazer.
BETE – O que?
TINA – Estudar matemática, mulher. Vamos lá me dar umas aulas, vai. (puxa a amiga)
BETE – Tá bom. Vamos lá.
F I M
Observação:
- Bete é aluna mais inteligente da classe.
- Tina é uma personagem cômica.
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